Reportagem na Cyberartes
Márcia VinhasEla nem sabe como tudo começou. Até onde se lembra desenhava montanhas quando ainda era criança, seja lá o que isso signifique, tanto desenhar montanhas como ser criança. A temática foi mudando rapidamente e passando por diversos estágios até perceber-se definitivamente artista. Hoje é dona dessa arte que ela mesma qualifica como “contemporânea com a percepção do impressionismo”. Em matéria de arte, qualificar tem quase sempre menos força que a própria arte e no caso de Márcia ela segue a regra com perfeição. Seus quadros são nitidamente mais fortes do que aquilo que se possa dizer deles. Basta olhar.
As pinceladas são rápidas e terminam por oferecer uma idéia de tridimensionalidade. Como isso de fato acontece, a superfície de cada pincelada assume uma inclinação própria e termina por refletir a luz de uma maneira particular, emprestando a tela uma luminosidade como se emanasse dela própria. É como se cada tela fosse formada por inúmeras células independentes que se misturam e de acordo com o lugar de onde você estiver olhando e como a luz estiver incidindo, o reflexo é mais intenso ou mais tênue, algumas células podendo até parecer sombreadas. Complicado? Márcia não faz nenhum cálculo para isso. Vai pintando e esse efeito vai simplesmente acontecendo. Coisa mesmo de artista.
Apesar dessa postura instintiva Márcia Vinhas tem projetos que vai tocando junto com Mônica Hernandes que elegeu como produtora cultural. São assuntos pensados e planejados mas que parecem não interferir na maneira emocional como a artista interage com sua obra. Sobre esse assunto ela mesma destaca: “Não tenho pressa. Quero que tudo ande conforme a vontade do Universo. Para cada coisa há seu tempo e momento. Assim, posso curtir a criação e acompanhar todo processo de crescimento de um projeto”. Sábia garota.
Cor é a palavra de ordem para Márcia Vinhas. Tons, gradações, nuances, colorações, matizes, são palavras mais importantes do que formas, desenhos, contornos ou figuras. O diálogo da artista com a tela se dá na escolha das tintas e vive constantemente estudando a interação das cores e experimentando novas formas de superposição. Considera os seus movimentos, as suas pinceladas, a forma do gesto, o efeito obtido em termos de cor e reflexo, prioritários em relação a eventuais formatos. Não vimos nenhum trabalho figurativo mas concordamos com o termo impressionismo, quando aplicado ao que Márcia Vinhas nos mostrou. O efeito é de emoção.
Embora a técnica de óleo sobre tela permita retoques e consertos, Márcia não alimenta essa prática. Ela considera as suas pinceladas com “alla prima”. Intuímos que isso signifique um toque instintivo, colocando o primeiro efeito como definitivo mas vale ressaltar que aprendemos italiano em uma escola para ensinar inglês. Alias, inglês nós aprendemos com Tarzan. “Me Tarzan. You Jane.” Quase tentando começar a ficar perto do bom. Desse modo pode haver aí um erro de interpretação mas entendemos que cada pincelada é definitiva, sem possibilidade de retoque.
Como todo bom artista, Márcia está deslumbrada com o seu próprio trabalho. Se não for assim, não é possível ser artista. Pode-se até trabalhar com pinceis e tintas produzindo telas mas não se é artista. Márcia Vinhas é artista por inteiro e deve ficar curtindo os efeitos que consegue com suas pinceladas rápidas e eficazes. É o que nós devemos fazer também e aproveitar esse resultado especial que ela consegue impor aos quadros.
Márcia Vinhas Fernandes.
www.marciavinhasfernandesfnl.com.br marciavinhasf@terra.com.br | |
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